A habitual lista anual da Forbes que mostra as cantoras mais bem pagas da música saiu no último dia 19 de novembro. Mesmo sem qualquer lançamento, Britney Spears aparece na 10º posição com renda estimada em 30 milhões de dólares.
Segundo a publicação, os números são referentes aos ganhos de 1º de junho de 2017 a 1º de junho de 2018, período em que se deu início a Britney: Live In Concert na Ásia. A cantora também faturou através de seus contratos com a Kenzo, Pepsi e a longa parceria com a empresa Elizabeth Arden, mesmo sem ter lançado qualquer música no período, além de ter feito mínimas alterações no seu show.
As fontes de arrecadação incluem Nielsen SoundScan, NPD BookScan, entrevistas com insiders e estimativas da própria Forbes. Esse é o quinto ano consecutivo que Britney aparece no TOP 10, junto com cantoras que trabalham pesado em divulgação de singles, lançando às vezes até mais de uma música ao mesmo tempo, e que se dobram em mil para viajar o mundo em divulgação de álbum.
Abaixo o ranking completo do ano:
1. Katy Perry ($83 milhões)
2. Taylor Swift ($80 milhões)
3. Beyoncé ($60 milhões)
4. Pink ($52 milhões)
5. Lady Gaga ($50 milhões)
6. Jennifer Lopez ($47 milhões)
7. Rihanna ($37.5 milhões)
8. Helene Fischer ($32 milhões)
9. Celine Dion ($31 milhões)
10. Britney Spears ($30 milhões)
Mas e quais foram os lançamentos de Britney nesses últimos 5 anos para conseguir tal feito?
Nos últimos 5 anos, Britney lançou dois álbuns, sendo um deles o “Britney Jean”, que não agradou muitos fãs e crítica especializada. Dele só saíram dois singles, os quais nunca foram performados em nenhum programa de TV, como se dava a maior parte de divulgação dos singles anteriores.
Britney performando Womanizer no X-Factor UK em 2008
“Work Bitch” (WB) e “Perfume” foram basicamente lançados via streaming e com o buzz do anúncio de Vegas. Para entendermos melhor, vale lembrar que WB foi lançada no dia 6 de setembro de 2013, mas o clipe só veio sair quase um mês depois (dia 1 de outubro), por conta dos cortes nas cenas “muito sexuais”. Para completar, a primeira performance só aconteceu dia 26 de dezembro daquele ano, na abertura da “Piece of Me”.
“Work xxxxx” teve parte do clipe censurado, de acordo com a própria Britney no “I Am Britney Jean“, por ela ser “uma mãe agora“, mas isso não foi tudo. A faixa, para piorar, foi lançada na tv e na rádio como “Work Work”.
“Perfume”, composta por Sia e co-escrita por Britney, mesmo com vocais poderosos de Spears, teve um apelo ainda menor por, novamente, problemas na gravação do clipe. Segundo o diretor Joseph Khan, o vídeo foi censurado pela equipe da cantora por ser muito “agressivo/violento”. A música não durou nem na residência, quiçá nas rádios.
Já “Work Bitch”, por sua vez, conseguiu ainda crescer ao longo dos cinco anos de show em Vegas e se tornou não só um grande hino para a fanbase, mas também fora dela. É, talvez, a última música lançada por Spears que seja de largo conhecimento do público geral (ouvintes que não acompanham sua carreira ou de outra cantora pop).
Numa tentativa de revigorar seu som, Britney apostou em Iggy com “Pretty Girls”, que apesar de ter se tornado uma queridinha de muitos fãs depois dos ótimos breaks apresentados em Vegas, não agradou as rádios.
O projeto “Pretty Girls”, que muitos acreditam que daria origem a um suposto álbum ou EP chamado “Pretty World” foi cancelado, apesar de nunca nem ter sido confirmado. Porém, GODNEY escreve certo por linhas tortas e o sacrifício do suposto EP nos rendeu um dos melhores álbuns de sua carreira, o “Glory“.
Aclamado por fãs de pop em geral e críticos especializados, o nono álbum de Spears é sempre relacionado à alta qualidade que vimos em grandes discos pop, como o “In The Zone” e o “Blackout”.
A areia até se disfarçou, mas chegou
Enquanto o primeiro single do “Glory”, lançado em 2016, parecia ser um dos clipes mais sexy já feitos por Britney, de acordo com trechos de bastidores, a música que começou a vazar era “lenta” e os fãs fizeram: “Q?”.
Veio “Make Me”, que agradou a alguns críticos e fãs. Hoje não há dúvidas de que esta seja uma grande música, mas teria sido a melhor escolha como carro chefe do álbum? Talvez não.
Para completar, o clipe simplesmente estava demorando mais do que o normal para sair. Alguns fãs desconfiaram de que o mesmo havia sido engavetado. Mais tarde descobriríamos que ele havia sido cancelado por divergências criativas entre Britney/Equipe e David LaChapelle. “Apenas não fez sentido”, disse Larry Rudolph à época. Uma versão light e com menos sentido ainda foi lançada, dirigida pela fotógrafa favorita de Spears, Radee St Nicholas. Foi ela a responsável pelas 4 últimas fotos de capas de álbum de Spears, incluindo o “B In The Mix 2”, indo do “Femme Fatale” ao “Glory”, além das fotos da residência de Vegas
Até a versão “Tour Edition” asiática do Glory teve foto da Randee:
Larry, fique você sabendo que não há nada com mais sentido do que essa fusão entre o vermelho de “Oops!”, a nudez de “Toxic” e a jaula de “Up N Down”:
Pelo menos o clipe vazou quase todo e, para tentar amenizar, Britney fez sua primeira performance em um programa de TV desde “Womanizer”:
E ainda teve o retorno ao palco do Video Music Awards:
Não podemos esquecer das batidinhas no joelho mais fofas que já vimos, quando Spears exibiu uma apresentação do single no Good Morning America direto de vegas:
Nem do iHeat 2016, um dos melhores momentos de Spears na TV desde o “ABC Special” do In The Zone em 2003:
Não conseguimos escolher um gif só. Desculpa:
Poderia até ter saído em DVD que a gente compraria mesmo sendo menos de 1h de apresentação:
Mas com tudo isso, o “Glory” ainda não hitou como deveria. Por isso mesmo vai rolar uma campanha, a #JusticeForGlory, no dia 1 de dezembro deste ano, na qual os fãs passarão o dia inteiro dando streaming no álbum, assistindo aos clipes e comprando o disco nas plataformas digitais e físicas, além de pedir nas rádios “Make Me” e “Slumber Party”, seus dois únicos filhos. Falaremos mais sobre isso nas nossas redes sociais.
Altos e baixos, mas o império se mantém de pé. Como?
Bem, precisaremos que RuPaul responda por nós:
Isso mesmo: carisma desde o primeiro dia de carreira, hinos, looks e coreografias que a tornaram uma lenda dos anos 90 e 2000, a força e nervos que a fizeram vencer diversos transtornos em 2007, e a leveza de quem não mais precisa provar talento. Prova disso é que em julho, Britney também apareceu na lista da Billboard como um dos 50 músicos que mais arrecadaram dinheiro no ano.
Além de todos estes fatores, o nome “Britney Spears” tem uma das linhas de perfume com maior sucesso da história, apoiada pela grande marca Elizabeth Arden. Spears também permanece sendo uma das favoritas da Pepsi e também ganhou as ruas da Europa com a Kenzo neste ano. Apesar das vendas da Domination, sua nova residência, não estarem a todo vapor por falta de divulgação, estamos ainda diante de uma lenda viva.
Contribuiu para a matéria: Alan Mangabeira